domingo, 23 de novembro de 2008

Rita Rezende - Perfil


No ano de 1971, eu completava 1 ano de idade e Virgulino chega a Juazeiro da Bahia, vindo do Ceará. Neste mesmo ano Clarice Lispector lançava a coletânea de contos Felicidade Clandestina, textos esses que viriam a ser um dos meus preferidos quando adulta.


Com sete anos, passei a freqüentar o Grupo Escolar Imaculada Conceição, com a professora Arlete, posso lembrar com perfeição o aroma do pastel feito no tabuleiro da saudosa Dalva, que ficava do lado de fora dos portões da escola e das paçocas de carne de sol que vinham naquelas latas de alumínio, tinham um sabor irresistível.
Era o ano de 1976, exatamente quando Virgulino chega a Jacobina vindo de Juazeiro da Bahia com 23 anos de idade.


Os tempos mudam os movimentos sociais ganham novos rumos e novas expectativas, esta semana vivenciei uma passeata pala paz, na escola que leciono feita nas principais ruas do Bairro, e o cheiro inebriante de poeira tomava conta do ar.
Em 1979, com 10 anos de idade fiz parte do meu primeiro desfile cívico, cujo tema era Ano Internacional da paz, recordo-me do mesmo cheiro de poeira causado pala falta de pavimentação nas ruas. Neste mesmo ano Virgulino se casava pela primeira vez.


A entrada para o Colégio Cenecista José Gonçalves da Silva, era início do ano de 1982, eu com apenas 12 anos e já tinha a preocupação com diferentes disciplinas a serem estudadas. Na escola chegava os rumores sobre a água doce na região, através do Projeto Mirorós. Nos bancos da escola os diferentes cheiros de perfumes dos garotos que paquerávamos, porém o Topaz da avon era o carro chefe dos preferidos. Virgulino chega a Irecê para trabalhar em perfuração de poços artesianos e continua morando em Jacobina.

Em 1988, acontece à legitimação da Constituição Federal, e eu me preparo para minha colação de graus em magistério, agora no Colégio Municipal Henrique Brito Filho. Minha mocidade é marcada pelo aroma do perfume Sândalos e Virgulino muda-se de Jacobina para Morro do Chapéu, e tenta um segundo casamento que dura poucos meses.


Na pequena cidade em que morava acontece um grande movimento por conta do lançamento do Plano Verão e Cruzado Novo, o ano 1989, assim como em todo o comércio, o açougue do meu pai, ganha um movimento em demasia, por conta da falta de carne, devido o congelamento dos preços; não se achava bois para comprar, e quando abatia algum, as filas eram imensas nos corredores da minha casa.
Minha mudança para Irecê e o encontro com Virgulino, àquele que dali a poucos meses viria a ser meu marido, que foi marcado pelo barulho do acelerador do caminhão e o cheiro forte de diesel queimado que exalava da descarga do mesmo.


Depois de tantas idas e vindas marcamos o nosso casamento, era 1990 e ainda não havíamos comprado todos os moveis para nossa casa, Virgulino agora meu noivo, fez uma viagem para Salvador a trabalho e me prometeu trazer de lá um televisor colorido, só que para nossa surpresa surge o Cruzeiro. O dinheiro ficou retido no banco, tivemos que esperar mais alguns dias para o casamento acontecer.


Hoje já casada, no dia 27 de Julho de 1992 nasce minha primeira filha, o aroma que me recordo é da colônia cheirinho de nenê, que tinha a coloração rosada, e os sons de muitos choros tanto da minha filha quanto meu, pois não tive leite para amamentá-la. Seis meses depois, comemoro a renuncia de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, em pensar que eu havia contribuído para ele estar lá e ele adiou meu sonho, fico com raiva até hoje.

Minha família começa a crescer cada vez mais, no ano de 1996 nasce minha filha caçula, e a minha primogênita começa a freqüentar a escola. Neste mesmo ano, a educação começa a tomar um novo rumo, através do sancionamento da lei nº. 9394. Eu começo a vivenciar estas mudanças, através das informações obtidas na escola Joana Angélica que minha filha estudava, e a Escola Municipal Padre Cícero que minha irmã estava como diretora. Passo a desejar lecionar em uma escola municipal.


Há um ano Irecê vive uma revolução educacional com a chegada da consultoria avante. Estamos em 1998 e eu agora ingresso na Rede Municipal de Ensino. O cheiro da merenda na escola, que era feita com um cuidado todo especial, chegava até as salas de aula, despertando a fome em todos, principalmente quando vinha almôndega para colocar no macarrão, era a merenda preferida por todos os alunos.
O Brasil vive um momento único, com o lançamento de novas moedas de metais, diferenciadas tanto pela cor, quanto pelo valor. Recebi meu primeiro salário de professor, já recebi algumas dessas moedas.


Junho de 1999 começa uma nova etapa na minha vida enquanto educadora, a escola Padre Cícero é escolhida como Piloto, pala Avante (Organização Não Governamental), onde teria uma sala laboratório de aulas práticas e teóricas, que seria filmada e levada para servir de objeto de discussão dos professores da rede municipal, se seria viável ou não expandir o que ali era apresentado. Valéria, minha filha caçula com dois anos e oito meses, começa a estudar na Escola Municipal de Educação infantil Irene Garafoni, Ludmila com sete anos também passa a freqüentar a Escola Municipal Padre Cícero.
Neste mesmo ano acontece às mudanças no regime cambial, o que acaba interferindo no andamento das finanças de todos os assalariados, por conta dos menores juros reais já vistos.


Em 2000, como professora da Escola Piloto da Rede Municipal, fui convidada pela Avante (ONG) a fazer parte da elaboração do Currículo Unificado da Rede Municipal de Ensino, juntamente com mais professores de outras instituições de ensino, diretores e a sociedade civil organizada. Começávamos então a se pensar em um documento norteador das práticas pedagógicas, que daria um norte mais seguro ao professor. Eu que não entendia nada de currículo e em qual contexto se dava, tive que correr à trás de teóricos que tratavam do assunto, para não ficar de fora das discussões. Com o lançamento da lei de responsabilidade fiscal no mesmo ano, tivemos alguns momentos para tratar desse tema, pois há decisões no currículo que fala de questão financeira para garantir sua publicação e distribuição, uma vez que o banco do Brasil era o patrocinador oficial do documento em questão.


Em 2001 me afastei da Rede Municipal, por questões financeiras e ideológicas, buscando assim algo que me desse uma remuneração melhor. Tive chance de fazer parte dos funcionários da Fazenda Nova Canaã no Centro Educacional Batel. Vivi outro contexto educacional do qual havia acostumado na Rede municipal, pois se tratava de uma escola assistencialista. Neste mesmo período, a Rede Municipal começou uma nova etapa com o lançamento dos Parâmetros Curriculares Nacionais, o que me fez desejar estar novamente entre eles.
Logo após o segundo semestre do mesmo ano, fui convidada a retornar a mesma escola que lecionava e não pensei duas vezes, pois gostava de estar onde de fato as mudanças na educação aconteciam.


Em meio a esta trajetória, já havia prestado dois concursos públicos na área de magistério, sem conseguir êxito. Pra minha felicidade, a Universidade Federal da Bahia, já havia sido instalada na cidade, e somente em 2004, tive a chance de passar em um concurso na minha área. Comecei a vivenciar novas situações a partir daí, principalmente a lutar pelos meus direitos trabalhistas, enquanto professora concursada da rede Pública Municipal.
Dentre os muitos benefícios trazidos pela Ufba, nestes mesmos períodos acontece a inauguração do tabuleiro digital, que atende a alunos cursistas do projeto faced Ufba/Irecê bem como toda a população Ireceense.


Em meados de 2008 um sonho se concretiza. Para ingressar na Universidade Federal da Bahia, tive que passar por uma avaliação inclusiva conhecida como produção de Memórias. Durante este mesmo período, a rede Pública municipal e Estadual, vivencia a primeira avaliação da Provinha Brasil para alunos do segundo ano do ensino fundamental, representando um grande marco para a equipe de alfabetização de alunos nas primeiras series iniciais, do ano de 2007, da qual faço parte.
Eu agora sou estudante universitária da Ufba, que oferece um ensino diferenciado e totalmente inovador, pautado em Aulas Temáticas, e com um Currículo aberto para que seus educandos tenham liberdade de escolher em quais e quantas atividades devem estar participando
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Memórias da infância

Uma macaquinha diferente

Morar em cidade do interior tem lá seus encantos, ser conhecida por todos os moradores men tanto!
Menina magricela de cabelos avermelhados, conhecida como macaquinha ou espanador das estrelas não é nada engaçado quando se referem a você. O segundo apelido bastava olhar para saber por que, ter ente sete e oito anos e quase 1,50 e minha magricelice, compreendem imediatamente. Já para descobrir a origem do meu segundo apelido era necessário conviver comigo. Ou seria sair da escola comigo!
Estudar no Grupo Escolar Imaculada Conceição, foi a parte mais importante da minha infancia de estudante, principalmentepor gostar da professora morar na mesma rua que ela, e voltar com ela para casa pelo quintal de Dona Santa. Contávamos os minutos para acabar a aula e acompanhar a professora Arlete até sua casa, ou seja, até o quintal da sua tia, que era por onde ela costumava atravessar para chegar até sua casa, que ficava do outro lado da rua; sempre dávamos um jeito de distrai-la para sumirmos naquele quintal. Seus donos eram Seu Didi e Dona Santa, coitados! Ainda bem que ela era Santa!
O quintal mais parecia um pomar, que no mês de novembro tinha produção de mangas com seu cheiro adocicado, pinhas com seu cheiro rústico quase imperceptível, tangerinas que exalam um perfume cítrico, inconfundível às narinas. E o minha fruta preferida, condessas mais conhecida como fruta do conde ou ata, que cheiro não soltava no ar mais o prazer de sentir sua polpa e soltar seus caroços de cima da árvore me fascinava. Os diferentes aromas se misturavam, chegava a nos embriagar, era um convite irresistível para quem buscava aventura. Era o nosso parque de diversões.
Com sua sombra frondosa, o pé de condessa parecia me chamar para colher seus frutos marrons avermelhados, seu gosto adocicado e sua poupa arenosa, me enchia a boca d’água. Não tinha como resistir à tentação!
Aquele pé de fruta do conde, imponente e tão majestoso entre as fruteiras, parecia conhecer a capacidade que eu tinha em chegar até seus galhos mais finos e não tão frágeis. Afinal, não representava perigo para ema menina magrela feito um caniço.
Fazíamos a maior algazarra, começávamos comendo nossos frutos prediletos, depois de saciados os nossos desejos, com a farda de tergal azul e branca toda suja de passarmos as mãos e a boca muito lambuzada de comermos, partíamos para a gritaria, atirávamos restos de frutos uma nas outras e logo eram descobertos pela nossa generosa santa. A pobre velhinha chegava aos berros, ”Suas pestes! É tu né sua macaquinha! Desce daí agora! Espera aí sua moleca! Vou manda chamar Nai! (minha mãe). “
E eu ágil e sapeca descia correndo na esperança de voltar outro dia, escondida é claro!
Venci a danada da velha pelo cansaço, não é que de uma hora pra outra ela começou a me convidar para colher os frutos nas partes mais finas das fruteiras! Ela foi quem saiu lucrando com esta história! Vendia os frutos e me pagava, veja só com os próprios frutos em uma cestinha que levava até minha casa.
Eu que gostava mesmo era da aventura de viver trepando nos galhos de frutos às escondidas, acabei perdendo o interesse, pois o verdadeiro sabor que buscava era o da aventura, esta realmente era a melhor parte.

domingo, 2 de novembro de 2008

Projeto de Leitura

Escola Municipal Padre Cícero
Direção: Laceni Cavalcante de Almeida
Coordenação: Márcia Bartira Rosa Rodrigues
Projeto de Aprendizagem: Leitura
Duração Permanente


“Além de ter um valor técnico para a Alfabetização, a leitura é ainda uma fonte de prazer, de satisfação pessoal, de conquista, serve de grande estimulo e motivação para que a criança goste da escola e de estudar”.
(Luiz Carlos Cagliari)


Tema: Leitura e letramento na escola

Objetivo geral:
Envolver os alunos e alunas em práticas de leituras que permitam a compreensão de diferentes gêneros textuais com os quais se defrontam, buscando a formação de leitores letrados e alfabetizados.

Justificativa:
Um leitor só pode constitui-se mediante a uma prática constante de leitura a partir de um trabalho que deve ser organizado em torno das diversidades textuais e questões que abrange a alfabetização e letramento. Para que possa ser objeto de aprendizagem é necessário que a leitura faça sentido para os discentes, dessa forma é interessante que o docente planeje atividades diferenciadas e interessantes que satisfaça a realidade da turma através da conscientização da leitura para o seu cotidiano.


Objetivos específicos:
Conceituais:

Reconhecer a importância da leitura na vida pessoal e social;
Desenvolver o gosto pela leitura;
Desenvolver a linguagem oral, visual e auditiva;
Ampliar o seu repertório textual;
Reconhecer diversos tipos de textos;
Identificar a função de diferentes tipos de textos;
Compreender e interpretar o texto lido;
Compreender a funcionalidade da leitura: ler para estudar, por prazer, informar...
Relacionar situações de leitura com o seu cotidiano;
Compreender o uso e a função da leitura
Desenvolver o gosto pela linguagem fílmica





Procedimentais:


Reorganizar e emprestar os livros da biblioteca para levar para casa
Presenciar e intervir nos atos de leitura;
Fazer analise lingüística enfocando: título,autor,conteúdo, palavras do texto,gravuras, imagens;
Analisar textos bem escritos;
Solicitar pessoas da comunidade interna, local e outras para realizar leituras na sala de aula, pátio e demais espaços na escola;
Comentar sobre livros conhecidos;
Descrever personagens diversos;
Buscar informações e consultas de diversos textos;
Utilizar o reconto como estratégia de leitura;
Organizar nas salas de aula oficinas de leitura literária;
Organizar dramatizações de um livro literário que foi explorado durante o bimestre;
Realizar pesquisas de palavras desconhecidas no dicionário;
Possibilitar aos alunos momentos de discussões sobre o seu processo de aprendizagem na aquisição da leitura;
Realizar momentos de leitura: coletivamente, dupla ou individual;
Relacionar o filme com o livro lido de um determinado conto literário;
Fazer analise de um livro através de: questionários, produção de texto e demais estratégias;
Socializar os livros e materiais a serem utilizados;
Premiar os alunos que mais leram durante o bimestre
Socializar o projeto de leitura para os pais
Solicitar aos um acompanhamento e participação efetiva na leitura em casa;
Organizar um evento especial “Leitura na escola”
Organizar uma rotina de leitura utilizando: biblioteca escolar, mala de leitura, convite aos pais e rodízios de leitura nas turmas.
Realizar apresentações artísticas através da professora de arte: cantar música, ler poemas, piadas etc.


Atitudinais:

Assumir uma atitude curiosa frente à leitura
Valorizar a leitura como fonte de cultura
Apreciar textos de qualidade
Interessar-se pela leitura lida
Respeitar e ouvir os colegas nas atividades de expressão oral

Conteúdos:
Conceituais
Leitura
Diversidade textual
Compreensão de texto
Narrativa lingüística
Funcionalidade do texto
Estratégia de leitura

Procedimentais:
Analise lingüística
Leitura
Leitura filmica
Reconto oral
Pesquisa
Interpretação de texto
Empréstimos de livros
Seleção e organização de materiais
Dramatização

Atitudinais:
Apreciação de leitura
Curiosidade
Respeito
Interessse
Consciência
Atenção

Situações comunicativas
Alunos participando de todas as etapas do projeto
Docentes: mediador e orientador organizando as ações que ocorrerão durante o desenvolvimento do professor
Gestão pedagógica: Orientando, revisando e dando suporte no decorrer do projeto.
Gestão: providenciando os materiais didáticos e colaborando com o pedagógico

Situações favoráveis:
Intercambio entre as turmas
Produzir coletânea de diversos tipos de textos por grupo
Convidar pessoas da comunidade local para ler
Promover evento cultural de leitura
Promover gincana com todos os grupos de um livro ou mais lida durante o bimestre (perguntas e respostas)
Premiar o aluno no pátio da escola que mais leu livro no grupo
Dramatização

Recursos a serem utilizados:
Livros, Textos variados, Papel, Piloto, Lápis, Folha de oficio, Televisão, dvds, Som Cds, Computador, Vídeo, Máquina digital, Coletâneas de textos.

Avaliação:
Ficha diagnóstica de leitura
Debate

Referências:

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Lingüística. São Paulo: editora Scipione, 2003.


Fotos de mães lendo para os filhos, um momento marcante no projeto




























Momentos de leituras realizados no pátio da escola