domingo, 23 de novembro de 2008

Memórias da infância

Uma macaquinha diferente

Morar em cidade do interior tem lá seus encantos, ser conhecida por todos os moradores men tanto!
Menina magricela de cabelos avermelhados, conhecida como macaquinha ou espanador das estrelas não é nada engaçado quando se referem a você. O segundo apelido bastava olhar para saber por que, ter ente sete e oito anos e quase 1,50 e minha magricelice, compreendem imediatamente. Já para descobrir a origem do meu segundo apelido era necessário conviver comigo. Ou seria sair da escola comigo!
Estudar no Grupo Escolar Imaculada Conceição, foi a parte mais importante da minha infancia de estudante, principalmentepor gostar da professora morar na mesma rua que ela, e voltar com ela para casa pelo quintal de Dona Santa. Contávamos os minutos para acabar a aula e acompanhar a professora Arlete até sua casa, ou seja, até o quintal da sua tia, que era por onde ela costumava atravessar para chegar até sua casa, que ficava do outro lado da rua; sempre dávamos um jeito de distrai-la para sumirmos naquele quintal. Seus donos eram Seu Didi e Dona Santa, coitados! Ainda bem que ela era Santa!
O quintal mais parecia um pomar, que no mês de novembro tinha produção de mangas com seu cheiro adocicado, pinhas com seu cheiro rústico quase imperceptível, tangerinas que exalam um perfume cítrico, inconfundível às narinas. E o minha fruta preferida, condessas mais conhecida como fruta do conde ou ata, que cheiro não soltava no ar mais o prazer de sentir sua polpa e soltar seus caroços de cima da árvore me fascinava. Os diferentes aromas se misturavam, chegava a nos embriagar, era um convite irresistível para quem buscava aventura. Era o nosso parque de diversões.
Com sua sombra frondosa, o pé de condessa parecia me chamar para colher seus frutos marrons avermelhados, seu gosto adocicado e sua poupa arenosa, me enchia a boca d’água. Não tinha como resistir à tentação!
Aquele pé de fruta do conde, imponente e tão majestoso entre as fruteiras, parecia conhecer a capacidade que eu tinha em chegar até seus galhos mais finos e não tão frágeis. Afinal, não representava perigo para ema menina magrela feito um caniço.
Fazíamos a maior algazarra, começávamos comendo nossos frutos prediletos, depois de saciados os nossos desejos, com a farda de tergal azul e branca toda suja de passarmos as mãos e a boca muito lambuzada de comermos, partíamos para a gritaria, atirávamos restos de frutos uma nas outras e logo eram descobertos pela nossa generosa santa. A pobre velhinha chegava aos berros, ”Suas pestes! É tu né sua macaquinha! Desce daí agora! Espera aí sua moleca! Vou manda chamar Nai! (minha mãe). “
E eu ágil e sapeca descia correndo na esperança de voltar outro dia, escondida é claro!
Venci a danada da velha pelo cansaço, não é que de uma hora pra outra ela começou a me convidar para colher os frutos nas partes mais finas das fruteiras! Ela foi quem saiu lucrando com esta história! Vendia os frutos e me pagava, veja só com os próprios frutos em uma cestinha que levava até minha casa.
Eu que gostava mesmo era da aventura de viver trepando nos galhos de frutos às escondidas, acabei perdendo o interesse, pois o verdadeiro sabor que buscava era o da aventura, esta realmente era a melhor parte.

Nenhum comentário: